quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Não.. Nem tudo.

É chegada a hora de virar “gente grande”. Completar 18 anos não é tão fácil quanto parece, você se torna “gente grande” de verdade.
No início dessa nova fase a idéia é mudar tudo, mudar as prioridades, mudar a direção, o sentido e o lugar das coisas. Resolvi mudar de quarto, mudar de cor preferida, redefinir meus conceitos de alguns sentimentos. Em meio a tanta bagunça, de armários e estantes, livros que não eram abertos há anos, encontro um de conto que ao que me lembro era lido pela minha mãe antes que eu dormisse. Dentro dele encontro uma carta, o remetente é minha avó. É incrível como instantaneamente lembrei-me do exato momento em que eu escrevi a carta para qual essa resposta chegava.
Na verdade eu só tinha 5 anos nessa época então minha memória pode estar falhando, por via das dúvidas e por desencargo de consciência em minha última viagem a tão especial “casa da vovó” resolvi questioná-la sobre essa carta – Ela que indiscutivelmente é a pessoa que mais religiosamente coleciona quinquilharias de todos os tipos... Onde pode sim estar incluso uma carta de uma neta de 5 anos que mal sabia desenhar as letras – então tive a certeza de que estava certa. Eu realmente lembrava o que havia escrito naquela tarde, obviamente que com o auxilio da minha mãe, toda orgulhosa porque sua filha mais velha já era “moça”, começava a entrar no mundo das letrinhas.

Teresina, 10/03/1997
Querida vovó, como está?
Eu quero te dizer que já sei escrever e que mamãe me disse que meu pai ta doente da mão, eu quero que ele fique bom logo.
Eu estou com saudade da senhora, mas não posso ir pra Inhuma porque eu estudo e não to de folga. Eu que estou escrevendo essa carta, mamãe esta só me ajudando. 
Um beijo pro pai e um pra senhora.
De Isadora

A linda resposta...

Querida Isadora,
Recebi sua carta, a qual me fez mais feliz em saber que você já está mais sabida, que já sabe até escrever. Seu pai Mundico ficou tão feliz que até melhorou da mão. Sim! Dê mil beijos em Liana por mim e em sua mãe.
Da tua vó que te adora.
Lili. Em 17/03/1997

Resolvi pensar melhor sobre essa história de mudar tudo ou jogar todo o passado fora. Nem tudo que passou merece ir para o lixo. Não, nem tudo.

p.s. Você... e como eu cresci!



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